
À DERIVA
Por: Olívio Candido
À DERIVA
Por: Olívio Candido
À DERIVA
Por: Olívio Candido
À DERIVA
Por: Olívio Candido
À DERIVA
Por: Olívio Candido
À DERIVA
Por: Olívio Candido
“Moro num país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza” canta Jorge Ben Jor sobre o retrato deste Brasil que tanto nos estima e que anunciamos ao mundo como uma dádiva que nos foi dada pelos deuses.
Há quem fale que “Deus é brasileiro” na tentativa de justificar essa quase ausência de desastres naturais como terremotos, maremotos e furacões no país. Catástrofes desse gênero quase sempre nos são alheias e confesso que para mim é um trabalho árduo fazer o exercício de empatia com realidades tão distantes do nosso cotidiano. Não quer dizer que não sintamos pelos outros, até porque nós somos reconhecidos como um povo solidário, além de sofrermos muitas adversidades em nosso dia a dia, porém não é o bastante para compreendermos algumas destas calamidades em sua plenitude.
Os desastres que acontecem no Brasil são distribuídos em gotas diárias de uma insensatez egoísta, ou cobiça vendida como catástrofe, como preferir. Em 2018, vimos parte de nossa história pegar fogo no Museu Nacional do Rio, além de inúmeras outras histórias caóticas que sempre estão presentes no anuário brasileiro; desabamentos, inundações e tantos outros graves incidentes. Este ano o sentimento de desilusão cresceu no Brasil de forma exacerbada, sensibilidade justificável pelo período que estamos vivendo. A sensação esquecida pela maioria nasce do contraste criado pela sucessão de fatos trágicos e uma política natimorta. O ano mal começou e presenciamos acontecimentos lamentáveis que poderiam ser evitados por um simples cumprimento de obrigações. Os meninos do Flamengo e os habitantes de Brumadinho são vítimas de um sistema falho que aguarda o desastre para punir. Os agentes geralmente são cheios da grana e essa ganância os fazem se importar tão pouco com as pessoas. As fiscalizações até que acontecem, mas não são suficientes para barrar ilicitudes dos titãs. As desgraças possuíam prelúdios conhecidos pelo sistema público e por empresários, mas como sempre, o povo ficou a mercê da mesquinharia.
Os dois fatos anteriores foram, de fato, mais emblemáticos até o momento pela fatalidade inesperada, mas não para por aqui, ainda há as tragédias chanceladas pelo estado. Em uma crise contra criminalidade, Sérgio Moro aprovou um pacote anticorrupção que favorece apenas os donos da bala, fragilizando ainda mais o lado mais fraco da história. O pobre, que é mira constante da polícia, está ainda mais visado com essas medidas, fato preocupante pelo mal histórico dos policiais brasileiros. É importante frisar que o nosso país possui a polícia mais mata e mais morre no mundo e a chacina da Fallet é só mais um indício que nós estamos sendo governados por inimigos públicos.
Há mais dores a serem relatadas, mas são tantas que o texto seria demasiado longo, mas não esqueçamos de Jean Wyllys, ativista da causa LGBT que saiu do Brasil acuado pelas hordas de ameaças; de Marielle Franco, ativista dos direitos humanos que morreu lutando por justiça e tantos outros ativistas que estão correndo o mesmo risco nestes tempos de ódio e que não arredam o pé de suas lutas por um mundo justo. Apesar de todos os fatos nos indicarem que estamos sós perante o ódio e a ganância, devemos acreditar nas mudanças, sobretudo cobrando e exigindo direitos e os tornando inalienáveis. Hoje o Brasil é um barco à deriva com capitães ambiciosos e este é o momento para o povo assumir o timão dos avarentos e restabelecer nossa felicidade. Se Deus é brasileiro eu não sei, mas espero que assim como seu filho ele esteja no barco acalmando a tempestade.