
À DERIVA
Por: Olívio Candido
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Por: Olívio Candido
Dados levantados acerca do feminicídio e das mortes do público LGBTI+ em Alagoas
Por: Jamerson Soares
Considerado um dos estados com as mais belas e melhores praias do Nordeste, Alagoas também ganha no quesito desigualdade social, violência contra a mulher e assassinatos de pessoas pertencentes à comunidade LGBTI. No Brasil, as regiões com mais registros de óbitos de travestis e transexuais são Nordeste, com 69 assassinatos (39%), e Sudeste com 57 casos.
As pesquisas mostram que 70% dos assassinatos foram direcionados aquelas que são profissionais do sexo. 55% deles aconteceram nas ruas. Até o mês de julho deste ano, depois das mortes de Davi Trindade Sinfônio (assassinado a pedradas em junho deste ano) e Alecsander Araújo (que foi testemunha da morte de Davi), Maceió ganhou mais dados no ranking de mortes: nove assassinatos e quatro suicídios, de acordo com o Grupo Gay de Alagoas.
Segundo os pesquisadores do Atlas da violência 2018, os desafios no campo da segurança pública no Brasil são enormes. No entanto, existem mecanismos e políticas efetivas para mitigar o problema da violência, conforme inúmeras experiências internacionais e também nacionais.
Só no primeiro trimestre deste ano, 126 pessoas LGBT foram mortas no Brasil, de acordo com um levantamento feito pelo Grupo Gay Bahia (GGB) divulgado em Abril. "Infelizmente os crimes estão aumentando. Enquanto a homofobia não for considerada como crime, as mortes vão aumentar principalmente na parte alta de Maceió por terem um nível baixo de estrutura social organizada", disse o presidente do Grupo Gay de Alagoas, Nildo Corrêa.
Em Alagoas, foram registradas nove mortes, três suicídios e seis homicídios, nesse período. É o segundo maior número de mortes no país. Logo atrás vêm Minas Gerais e Rio de Janeiro, com oito e sete mortes, respectivamente: Em 2017, 23 mortes de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais foram registradas, o que inseriu o estado entre os sete estados mais violentos do Brasil para este público. São em média duas mortes por mês.
A Secretaria de Segurança Pública de Alagoas fez um levantamento de dados de crimes violentos letais e intencionais, de 2016 ao primeiro semestre de 2018. De acordo com as informações, foram registrados 1878 crimes em 2016, 1917 em 2017, e de Janeiro até junho foram registrados 824, todos os crimes com 95,7 praticados pelo sexo masculino. Ainda de acordo com a Secretaria, 76 mulheres foram vítimas de feminicídio nos últimos três anos. No Brasil, 12 mulheres são assassinadas todos os dias, considerando os dados oficiais dos estados: 4.473 homicídios dolosos, sendo 946 por feminicídio.
O feminicídio é considerado um crime de ódio por condição de gênero e a prática vai de mortes por armas brancas (facas, vidro ou ferramentas) até armas de fogo ou espancamento seguido de morte.
Maceió e a consequência de ser o que é
“Hoje eu vivo em Maceió, mas nasci e cresci numa cidade do interior. Diferente do que se pensa, eu acho que as dificuldades enfrentadas pelas mulheres são as mesmas tanto no campo quanto na cidade, mas claro que cada local com suas especificidades. Por ser uma cidade grande, conhecer poucas pessoas, acho que morar em Maceió pode colocar a nós, mulheres, em muitas situações de risco. Há risco em esperar um ônibus à noite, há risco de andar numa rua pouco iluminada, há risco em ser assediada até mesmo nas áreas mais movimentadas. Acho que esse risco acompanha a nós, mulheres, o tempo inteiro”, relatou Beatriz Costa, estudante de Ciências Sociais.
São mulheres jovens que estão inseridas no mercado de trabalho há pouco tempo, como Beatriz, que se sentem inseguras ao passar em ruas aparentemente esquisitas, sem iluminação, sem movimentação de pessoas e até dentro do próprio ambiente de trabalho.
“Viver em Maceió é viver com o medo constante de sair às ruas. Conheço um amigo que já passou por experiências de agressão verbal/psicológica e agressão física. Também um conhecido de um amigo meu que foi assassinado por motivos de homofobia.”, declara Everardo Saturnino, estudante de teatro.
A estudante de Administração, Mylena Santos, recorda algumas experiências que aconteceram com conhecidas mulheres e declara que a violência se transformou em algo comum. “Conheço várias pessoas que já sofreram ou sofrem violência constantemente e é algo horrível, o pior é que nos acostumamos com essa violência com as mortes porque virou algo comum. Todos os dias saio de casa e rezo para voltar, para não ser machucada no caminho, para não ser uma daquelas que são estupradas, rezo para não ser a próxima”, desabafa.